Ana Pinheiro:
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â€‹É criadora e organizadora do projeto Elos Ecológicos.
Ana Pinheiro nasceu em São Paulo onde vive e trabalha.
Graduou-se e licenciou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo, tornando-se mestre em Letras pela mesma Universidade.
É pesquisadora e professora. Desenvolve projetos em artes visuais desde 2005 através do desenho, de livros de artista, objetos, livros-objeto, fotografia.
Participou de exposições nacionais como Desenho Ocupado na Galeria Leme, Do Papel ao Pixel: Graphia no Memorial da América Latina, Arte Agora 2 e Ocupação na Galeria Lourdina Rabieh, Entorno de: nos limites da arte na FUNARTE, Coletiva de desenhos na Galeria Deco e exposições internacionais como Ateliê fidalga: São Paulo-Brasil na Galeria Carlos Carvalho e Carpe Diem: Foto Fidalga, ambas em Lisboa, Portugal.
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Série de intervenções e ações:
O que descubro a terra já sabia
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Tem sido uma descoberta diária a convivência com esses alimentos tão especialmente cultivados como os que recebo da fazenda Santa Adelaide, pelo agricultor David Halitera e outros agricultores que trabalham com ele; assim como dos agricultores cooperados na cooperativa COPERAPAS.
Sempre que converso com eles fico fascinada com a complexidade dos fatores que precisam dar conta para produzirem de forma sustentável, seguindo os princípios da agroecologia e com o conhecimento que envolve suas produções.
A qualidade e o respeito com os alimentos cultivados, a recuperação do solo, formas de plantio, da saúde e sustentabilidade de toda a cadeia produtiva que respeita a sazonalidade, o rodízio do solo, a biodiversidade, assim como a recuperação das plantas nativas em sua biodiversidade.
Tudo isso tem me levado a querer saber mais sobre manejo do solo e sobre os princípios de agroecologia e da agrofloresta. E quanto mais pesquiso e descubro sobre esse universo, mais fica claro como é um conhecimento que é patrimônio da humanidade, porque todo ele surge de uma íntima relação com o bom cultivo da terra, há tanto tempo... tanto tempo de observações e dedicação de vidas e mais vidas e tantas gerações para guardar essa memória viva do que a terra precisa para ser respeitada, de como respeitar e trabalhar em sinergia com todos os reinos, beneficiando cada elemento, cada ser da natureza.
Não há dúvida que esse comprometimento e conhecimento é fundamental e precisa ser cultivado e se espalhar pelo planeta para transformar paisagens e vidas, para recuperar a possibilidade de re-con-siderarmo-nos, estamos siderados na natureza, somos parte dela, é preciso recuperarmos nossa medida de vida, modos de existência, a partir da sideração que a relação com esses alimentos nos permite.
Talvez seja tarde, mas precisamos expressar e manifestar nosso amor à terra, nossa gratidão a quem resiste e resiste muito bravamente, escolhendo formas tão afirmativas de vida. Algumas vezes, eu olho e seguro em minhas mãos um alimento e fico emocionada por sentir que nele há um conforto de vida que em mim mesma, muitas vezes não encontro, então eu me inclino profundamente diante deles e tento me realinhar com o propósito da vida, da expansão da consciência, com a compreensão que esses alimentos me ensinam.
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